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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Domingo no Parque

Domingo no Parque
Gilberto Gil
1967

"Domingo no Parque" é uma canção de Gilberto Gil, lançada em 1967. Trata-se de uma música narrativa, que conta a história de dois rapazes amigos: um deles é José, o rei da brincadeira, e o outro João, o rei da confusão.

No fim de semana, ambos foram fazer o que sabiam: divertir-se e brigar, respectivamente.

Mas José não ia brigar, quando viu uma moça - Juliana - no parque de diversões e se apaixona, mas é tomado de raiva quando vê Juliana com João, sendo tomado pelo ciúme e cometendo um duplo homicídio passional, levando ao anticlímax final.

A música é riquíssima em figuras de linguagem, como as metonímias, anáforas e quiasmos. Nos arranjos, a composição causou violenta polêmica por unir elementos considerados contraditórios da cultura contemporânea, como o som do berimbau, o andamento melódico da letra, que lembra um baião, de um lado, e, de outro, a presença de orquestra de música erudita e o acompanhamento de um conjunto de rock, no caso Os Mutantes, o que revoltou muitos fãs tradicionalistas de música brasileira, por causa do uso de guitarra elétrica, considerado então um símbolo do "colonialismo cultural".


Gilberto Gil ganhou o segundo lugar com essa canção no III Festival de Música Popular da TV Record de 1967, acompanhado do grupo Os Mutantes, com moderno arranjo de Rogério Duprat, também premiado em primeiro lugar nesse quesito.

A música foi lançada no álbum "Gilberto Gil" (1968) e teve o mérito de, ao lado de "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, se tornar um divisor na música brasileira. Gilberto Gil buscava um som mais universal para a música que se fazia naquela época e usou elementos baianos, como o som do berimbau e a roda de capoeira. A história de José e João tem narrativa cinematográfica e o arranjo orquestral de Rogério Duprat pontua o confronto e descreve perfeitamente esse clima de delírio.



Domingo no Parque

O rei da brincadeira - ê, José!
O rei da confusão - ê, João!
Um trabalhava na feira - ê, José!
Outro na construção - ê, João!

A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar

O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu

Foi que ele viu
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração

O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, dançando no peito - ô, José
Do José brincalhão - ô, José

O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, girando na mente - ô, José
Do José brincalhão - ô, José

Juliana girando - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
O amigo João - João

O sorvete é morango - é vermelho
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca!

Olha o sangue na mão - ê, José
Juliana no chão - ê, José
Outro corpo caído - ê, José
Seu amigo, João - ê, José

Amanhã não tem feira - ê, José
Não tem mais construção - ê, João
Não tem mais brincadeira - ê, José
Não tem mais confusão - ê, João

sábado, 31 de janeiro de 2015

Eu Sou Terrível

Eu Sou Terrível
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
1967

"Eu Sou Terrível" é uma canção composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, em 1967. Faixa inicial da trilha sonora do seu primeiro filme, "Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura", "Eu Sou Terrível" foi uma das últimas canções finalizadas para o repertório do longa-metragem. 

Pouco antes do lançamento do disco de Erasmo Carlos, depois de mais de um ano de separação, Roberto Carlos mandou um mensageiro levar uma fita de rolo para o antigo parceiro. Surpreso, Erasmo Carlos colocou a fita para rodar e reconheceu a voz de Roberto Carlos"Oi, bicho, como vai? Olha, eu não estou mais zangado com você, não. Eu já te desculpei!", disse Roberto na introdução da mensagem.

Erasmo se surpreendeu com a iniciativa de Roberto. Mas Roberto Carlos não queria apenas reatar a amizade com Erasmo. Buscava também retomar a parceria, e lhe fez um pedido na fita.

"Eu comecei a fazer uma música aqui que pede um tipo de letra que você faz em dez minutos. Nesta música eu quero dizer que eu sou um cara terrível, que dirijo em disparada e que as mulheres me adoram. Faz essa letra pra mim porque eu quero incluir no filme que estou fazendo."

Naquele momento, Roberto Carlos estava fechando o repertório da trilha de seu primeiro filme, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", que o diretor Roberto Farias já tinha começado a rodar. E o último tema que faltava era exatamente uma canção de ritmo pulsante e agressivo que daria o tom do filme.

Envolvido com filmagens, shows, gravações, Roberto não conseguia concluir a música e decidiu recorrer ao ex-parceiro. Na fita enviada, ele tocava a melodia no violão, cantando apenas fragmentos da letra:
"Eu sou terrível / e é bom parar / parapapá / parapapá..."

Conforme previsto por Roberto, Erasmo Carlos fez aquela letra com facilidade, embora tenha demorado bem mais do que dez minutos. E assim nasceu outro grande sucesso dos anos 60: "Eu Sou Terrível", canção que marcou o recomeço da parceria RobertoErasmo.

Eles voltaram com a corda toda, pois a partir daí iriam compor grandes canções como "Se Você Pensa", "Sentado à Beira do Caminho", "As Curvas da Estrada de Santos", "Sua Estupidez", "Jesus Cristo". Pode-se dizer que "Eu Sou Terrível" marcou o recomeço e também o fim de uma fase na parceria da dupla, pois foi a última composição estilo Jovem Guarda. As canções seguintes já iriam revelar outras influências, notadamente a Soul Music, marcante nos discos de Roberto Carlos até o início da década de 1970.



Eu Sou Terrível

Eu sou terrível e é bom parar,
de desse jeito me provocar.
Você não sabe de onde eu venho,
o que eu sou e o que tenho.
Eu sou terrível, vou lhe dizer,
que ponho mesmo pra derreter.

Estou com a razão no que digo.
Não tenho medo nem do perigo.
Minha caranga é máquina quente.
Eu sou terrível e é bom parar,
porque agora vou decolar.
Não é preciso nem avião,
eu vôo mesmo aqui no chão.

Eu sou terrível, vou lhe contar,
não vai ser mole me acompanhar.
Garota que andar do meu lado,
vai ver que eu ando mesmo apressado.
Minha caranga é máquina quente.
Eu sou terrível, eu sou terrível

Eu sou terrível e é bom parar,
de desse jeito me provocar.
Você não sabe de onde eu venho,
o que eu sou e o que tenho.
Eu sou terrível, vou lhe dizer,
que ponho mesmo pra derreter.

Estou com a razão no que digo.
Não tenho medo nem do perigo.
Minha caranga é máquina quente.
Eu sou terrível, Eu sou terrível

Eu sou terrível.

domingo, 2 de novembro de 2014

Alegria, Alegria

Alegria, Alegria
Caetano Veloso
1967

"Alegria, Alegria" é uma canção da autoria de Caetano Veloso que foi um dos marcos iniciais do Movimento Tropicalista em 1967. A música foi lançada, com "Remelexo" no lado B, em 1967 e também integrou o álbum "Caetano Veloso", do mesmo ano. O nome da música veio, por sua vez, de um bordão que o cantor Wilson Simonal utilizava em seu programa na TV Record, "Show Em Si... Monal". O cantor baiano aproveitaria para intitular também de "Alegria, Alegria" seu álbum que foi lançado em novembro de 1967, assim como os próximos três.

A Composição

Caetano Veloso, em parte inspirado pelo sucesso de "A Banda", de Chico Buarque, que havia concorrido no Festival de Música da TV Record do ano anterior, quis compor uma marcha assim como a canção de Chico. Ao mesmo tempo, queria que fosse uma música contemporânea, pop, lidando com elementos da cultura de massa da época.

A letra possui uma estrutura cinematográfica, conforme definiu Décio Pignatari. Trata-se de uma "letra-câmera-na-mão", citando o mote do Cinema Novo. Caetano Veloso ainda incluiu uma pequena citação do livro "As Palavras", de Jean-Paul Sartre: "Nada nos bolsos e nada nas mãos", que acabou virando "Nada no bolso ou nas mãos".

Como a ideia do arranjo incluía guitarras elétricas, Caetano Veloso e seu empresário na época, Guilherme Araújo, convidaram o grupo argentino radicado em São Paulo Beat Boys. O arranjo foi fortemente influenciado pelo trabalho dos Beatles.

"Alegria, Alegria" é considerada a 10ª maior canção brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil.

Essa música tem um verso com apologia aos alucinógenos, no verso "sem lenço sem documento" faz ligação ao LSD.

Festival da Record

Apresentada pela primeira vez no Festival da Record daquele ano, a canção chocou os chamados "tradicionalistas" da Música Popular Brasileira devido a simples presença de guitarras. No ambiente político-cultural da época, setores de esquerda classificavam a influência do rock como alienação cultural, o que também foi sentido por Gilberto Gil quando apresentou "Domingo No Parque" no mesmo festival.

Apesar da rejeição inicial, a música acabou conquistando a maior parte da platéia. Acabou se tornando uma das favoritas, com as manifestações favoráveis superando as facções mais nacionalistas. A música acabou chegando em quarto lugar na premiação final.

Com o improvável sucesso de "Alegria, Alegria", Caetano Veloso se tornou de imediato um pop star, febre que só passou após alguns meses, embora a música tenha lançado Caetano Veloso para a fama, e sua carreira posterior só confirmado sua popularidade.



Alegria, Alegria

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento
Eu vou

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não, por que não...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Coração de Papel

Coração de Papel
Sérgio Reis
1967

Atualmente, quem vê ou escuta Sérgio Reis identifica e pensa imediatamente em música sertaneja. Mas não foi sempre assim. Se estivéssemos, digamos em 1967, Sérgio Reis seria identificado com uma musicalidade urbana e com a Jovem Guarda. Inclusive, poucos sabem que ele começou cantando rock com o nome artístico "Johnny Johnson".

O seu primeiro sucesso foi "Coração de Papel", e deve-se a uma briga com sua então namorada, Ruth. Narram então a história da canção Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, na sua conhecida obra "A Canção No Tempo Vol. 2".

Magoado por haver brigado com a namorada Ruth, Sérgio Reis dedilhava o violão, enquanto aguardava o almoço, preparado por Dona Clara, sua mãe. Como estava demorando, resolveu escrever uma letra, mas logo desistiu da tarefa e, ao jogar fora o papel, comentou para Dona Clara:

"Meu coração está amassado como aquela bola de papel"

De repente, percebendo que a imagem poderia funcionar como motivo para uma canção, retomou o violão e compôs em poucos minutos "Coração de Papel", terminando-a antes mesmo do almoço ficar pronto.

Dias depois, vindo à sua casa o produtor Tony Campello, em busca de repertório para a dupla Deny e Dino, gostou tanto da composição que acabou sugerindo uma fita demo com o próprio Sérgio Reis, o mais indicado para cantar sua pungente melodia.

Aprovada por Milton Miranda, diretor da Odeon, "Coração de Papel" foi gravada por Sérgio Reis num compacto duplo, acompanhado pela orquestra de Peruzzi, com o reforço vocal dos Fevers, Golden Boys e Trio Esperança.

A música tornou-se um grande sucesso, levando Sérgio Reis a apresentar-se na TV Record nos programas da Jovem Guarda. No mesmo ano em que foi lançada, 1967, recebeu o Troféu Chico Viola por "Coração de Papel".

Apesar de bem executada nas rádios, a composição recebeu um impulso definitivo do Chacrinha, que durante oito semanas ofereceu um prêmio de mil cruzeiros novos ao calouro que melhor a interpretasse.



Coração de Papel

Se você pensa que meu coração é de papel
Não vá pensando pois não é
Ele é igualzinho ao seu e sofre como eu
Por que fazer chorar assim a quem lhe ama

Se você pensa em fazer chorar a quem lhe quer
A quem só pensa em você
Um dia sentirá que amar é bom demais
Não jogue amor ao léu
Meu coração que não é de papel

Porque fazer chorar porque fazer sofrer
Um coração que só lhe quer
O amor é lindo eu sei e todo eu lhe dei
Você não quis jogou ao léu
Meu coração que não é de papel

Porque fazer sofrer porque fazer chorar
Um coração que só lhe quer
O amor é lindo eu sei e todo eu lhe dei
Você não quis jogou ao léu
Meu coração que não é de papel

Meu coração que não é de papel
Meu coração que não é de papel