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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Sol Nascerá

O Sol Nascerá
Cartola e Elton Medeiros
1961

"O Sol Nascerá" é uma canção composta pelo sambista Cartola, em parceria com Elton Medeiros. A canção foi composta em 1961 na casa de Cartola, na época muito frequentada por diversos sambistas, entre os quais Zé Keti, Nelson Cavaquinho e Elton Medeiros, este último co-autor de "O Sol Nascerá".

Segundo Elton Medeiros, a letra nasceu de maneira improvisada. Cartola e ele haviam acabado de compor um samba chamado "Castelo de Pedrarias", quando chegou o amigo Renato Agostini, que após ouvir o novo samba desafiou os compositores a fazer outra letra, ali na hora, em sua presença. Pouco depois estava pronto o samba "O Sol Voltará".

Três anos depois do episódio, a canção foi uma das escolhidas para integrar o álbum de estreia de Nara Leão, até então considerada uma musa da Bossa Nova. Na gravação, atendendo a um pedido do produtor Aloysio de Oliveira, o título foi alterado para "O Sol Nascerá".

Considerado como um marco da redescoberta de Cartola durante a década de 60 e também da revelação de Elton Medeiros como compositor, "O Sol Nascerá" foi gravado pelo próprio Cartola para o seu álbum homônimo, o primeiro de sua carreira, tendo arranjo de Dino 7 Cordas.

Um ano antes, havia sido gravada para o também disco de estreia de Elton Medeiros, em um pot-pourri com o samba "Mascarada", ambos com arranjo de Orlando Silveira.

Álbum de Cartola, 1974

Cavaquinho: Waldiro Frederico Tramontano (Canhoto)
Pandeiro: Gilberto D'Ávila e Jorge José da Silva (Jorginho do Pandeiro)
Surdo: Gilberto D'Ávila
Tamborim: Luna
Cuíca: Nilton Delfino Marçal (Marçal)

Álbum de Elton Medeiros, 1973

Violão: Cristóvão Bastos
Ritmo: Dazinho, Elizeu Felix, Geraldo Sabino e Nilton Delfino Marçal (Marçal)
Caixa de Fósforo: Elton Medeiros
Cavaquinho: Jonas Pereira da Silva
Bateria: Juquinha

Outras Versões
  • 1964 - Nara Leão: "Nara"
  • 1965 - Elis Regina e Jair Rodrigues: "Dois Na Bossa"
  • 1965 - Eumir Deodato: "Ataque"
  • 1988 - Leny Andrade: "Cartola 80 Anos"
  • 1998 - Márcia: "Cartola 90 Anos"
  • 2002 - Ney Matogrosso: "Ney Matogrosso Interpreta Cartola"
  • 2003 - Paulinho da Viola: "Meu Tempo É Hoje



O Sol Nascerá

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Finda a tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

As Rosas Não Falam

As Rosas Não Falam
Cartola
1973

A composição desse belo samba-canção é uma obra de Agenor de Oliveira, o Cartola.

"As Rosas Não Falam" tem uma bela história. Um dia Dona Zica, esposa de Cartola, ganhou umas mudas de rosas. Resolveu plantá-las no jardim e alguns dias depois, ao abrir a porta pela manhã, ficou extasiada com a quantidade de rosas desabrochadas. Chamou então Cartola e perguntou:

- Cartola, vem ver! Por que é que nasceu tanta rosa assim?

O mestre Cartola então respondeu:

- Não sei, Zica. As rosas não falam...

A frase ficou remoendo na cabeça do poeta. Tomou então do violão e a música brotou quase que imediatamente. Faltavam três dias para ele completar 65 anos. Cartola disse então que "As Rosas Não Falam" foi o seu presente de aniversário.

Ainda sobre a canção, Paulinho da Viola contou que quando trabalhava na TV Cultura de São Paulo, no ano de 1973, apresentando um programa que buscava mostrar pessoas ligadas à música, principalmente sambistas ligados às escolas de samba, e foi visitado por Cartola. No meio do programa Cartola interrompeu Paulinho da Viola e pediu para apresentar uma de suas composições. Paulinho da Viola ficou sem ação porém o diretor do programa autorizou a apresentação. Paulinho da Viola então pegou seu violão e tocou pela primeira vez em público "As Rosas Não Falam". Paulinho contou ainda que durante anos não conseguia cantar a música.

"As Rosas Não Falam" esteve na trilha sonora das novelas "Duas Vidas" (1976/1977) interpretada por Beth Carvalho, "Mulheres Apaixonadas" (2003), executada por Léo Gandelman, "Ninho da Serpente" (1982), na voz de Emílio Santiago.


As Rosas Não Falam

Bate outra vez
com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
enfim

Volto ao jardim
com a certeza de que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
o perfume que roubam de ti

Devias vir
para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
por fim


Fonte: Museu da Canção

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O Mundo é Um Moinho

O Mundo é Um Moinho
Cartola
1976

Dos mestres do samba ganhamos, além de muitas composições fantásticas, histórias que não tardam em atiçar a curiosidade dos fãs sobre aventuras, boemia, parcerias, amores, enfim, sobre a vida dos bambas. Todo grande mestre tem, além das verdades escritas nos relatos biográficos, algumas outras histórias que ganham status de lendas ao longo do tempo justamente pelo fato de não haver consenso sobre o que é verdade ou invenção, o que é fato e imaginário. Na vida do mestre Cartola, talvez o maior de todos os bambas, lendário por si só, muitas de suas histórias já viraram verdadeiros mitos nas rodas de samba e entre os amantes do gênero. Uma de suas composições mais fantásticas, "O Mundo é Um Moinho", daria um filme só por conta das histórias em torno de sua criação, sem contar a letra e a melodia, que são fantásticas.

Reza a lenda que Cartola teria feito essa música para sua enteada, filha de Dona Zica, que teria o propósito de sair de casa para se prostituir. Ao ouvir os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão plausível pode ser essa versão da lenda. Contudo, há quem defenda também que a letra de Cartola seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa. E ainda corre a versão de que o bamba mangueirense escreveu essa canção inspirado pela história de amor de um casal que conheceu.

Nos fóruns de discussão espalhados pela internet, há partidários de cada uma das ideias e ainda de outras, com alguns detalhes diferentes e cada um defende com unhas e dentes sua versão.

Recorremos ao pesquisador do samba, o escritor carioca André Diniz, autor dos livros "Almanaque do Samba" e "Almanaque do Choro", entre outros, para saber se a versão mais famosa corresponde a realidade. Qual não foi nossa surpresa ao descobrir que o mito ficou devendo, ao menos até onde as pesquisas de André Diniz puderam apontar.

"Segundo pessoas com quem conversei, incluindo a Nilcemar, que hoje está frente do Instituto Cartola, na Mangueira, a história não condiz com a realidade", contou André Diniz, em resposta por e-mail à nossa dúvida. Contudo, o pesquisador não bateu o martelo sobre qual das versões é a verdadeira e ainda deixou um pensamento que nos deixou tranquilos em não sanar essa dúvida. "É a velha historia do fato e da versão. Se a versão for melhor, que é o caso dessa música, pra que contar o fato? O fato é bom só para os historiadores (risos)", encerrou André Diniz.

Para conhecer mais sobre a vida e obra do cantor, compositor e violonista Cartola, visite o blog Famosos Que Partiram.



O Mundo é Um Moinho

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés