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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Folhetim

Folhetim
Chico Buarque
1977 / 1978

"Folhetim" foi composta entre os anos de 1977 e 1978 para a peça "Ópera do Malandro", por Chico Buarque.

"Folhetim" focaliza a figura da prostituta que oferece os seus encantos - "Se acaso me quiseres / sou dessas mulheres / que só dizem sim.." -, tema idêntico ao da composição "Love For Sale", de Cole Porter, proibida e depois liberada nos anos 30.

Mesmo antes de terminá-la, para uma personagem da "Ópera do Malandro", Chico Buarque já pensava em entregá-la a Gal Costa para gravar. Assim aconteceu, com Gal Costa cantando-a acompanhada por músicos como Wagner Tiso, Perinho Albuquerque, autor do arranjo, e Jorginho Ferreira da Silva, em criativa intervenção ao sax-alto.

Escrita por Chico Buarque, baseada na "Ópera dos Três Vinténs", de Kurt Weil e Bertolt Brecht, e na "Ópera dos Mendigos", de John Gay, a "Ópera do Malandro" conta a história de dois malandros rivais, Max e Duran, e apresenta uma alentada trilha musical em que se destacam, além de "Folhetim", canções como "Homenagem ao Malandro", "O Meu Amor" e a intrigante "Geni e o Zepelim".

Diga-se de passagem que a "Ópera dos Mendigos", uma sátira à sociedade inglesa do século XVIII, é considerada uma obra revolucionária por ter levado canções populares para o teatro operístico.

Embora seja uma música composta para a peça, Chico Buarque explica que muitas vezes o personagem não era tão claro quanto quem iria cantar.

"Então, às vezes, eu pensava no ator ou na atriz que iria cantar. Mas, às vezes, a atriz que iria cantar cantaria só no teatro, porque não era uma cantora profissional. Então  misturava, na minha cabeça, a encomenda da personagem, a atriz e a cantora que eu gostaria que gravasse aquela música. Assim saíram  canções como "Folhetim", que tinha a cara de Gal Costa e que servia pra personagem!"

Herbert de Souza, o Betinho, foi o primeiro a ouvir a canção, através de  uma ligação telefônica que Chico Buarque e o cartunista Henfil fizeram para o Canadá, onde o sociólogo estava exilado.



Folhetim

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim


Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Volume 2, 1ª Edição, 1997, Editora 34

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sonhos

Sonhos
Peninha
1977

A história da gravação da música "Sonhos", sucesso do cantor e compositor Peninha, começou nos estúdios da Polygram, atualmente Universal, na Rua Érico Veríssimo no Rio de Janeiro.

O produtor Pedrinho da Luz já estava com o disco do artista pronto, com arranjos do maestro Miguel Cidras. Subitamente Pedrinho da Luz entrou no Estúdio B, aonde estava gravando Zizi Possi, e chamou o maestro Hugo Bellard, um arranjador de vários sucessos.

Pedrinho da Luz pediu ao Hugo Bellard que com urgência fizesse o arranjo, em duas horas, da música "Sonhos", para aproveitar o restante do horário de estúdio que tinha reservado para o Peninha.

Como Hugo Bellard dissesse que não poderia sair dali porque estava no meio da gravação da Zizi PossiPedrinho da Luz pediu à produção que liberasse o Hugo Bellard.

O maestro ouviu a música, tirou os acordes, e se baseou na música "This Masquerade" que fazia sucesso nos Estados Unidos com George Benson, para o arranjo. Na segunda parte deu uma pitada de Beatles, como os cellos no estilo da música "Eleanor Rigby".

Foi o único arranjo de Hugo Bellard no disco, mas foi a música que fez sucesso, vendendo mais de 600.000 discos em semanas, um grande feito para a época. A musica até hoje vendeu mais de 1 milhão de cópias.

"Sonhos" serviu para lançar a carreira deste talentoso compositor Peninha, que hoje tem dezenas de grandes sucessos gravados pelos mais variados intérpretes.

Caetano Veloso gostou da música e do arranjo, e regravou a música em 2001. E "Sonhos" foi novamente ao primeiro lugar nas paradas.



Sonhos

Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
E de repente, eu me vi assim, completamente seu

Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não tem caminho, eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia

Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho
Mais calma, mais alegria no meu jeito de me dar

Quando a canção se fez mais forte e mais sentida
Quando a poesia fez folia em minha vida
Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa

Mas não tem revolta, não
Eu só quero que você se encontre
Ter saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom que eu tenho em mim
Eu tenho, sim

Não tem desespero, não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz

terça-feira, 19 de março de 2013

Estrada da Vida

Estrada da Vida
José Rico
1977

"Estrada da Vida" é uma canção composta por José Rico, da dupla sertaneja Milionário & José Rico. A música foi gravada pela própria dupla como faixa-título do LP "Milionário & José Rico Volume 5", no ano de 1977, e, sem dúvida, tornou-se o maior sucesso da carreira de Milionário & José Rico.

Esta música lendária proporcionou a venda de mais de dois milhões de discos e originou o roteiro do filme "Estrada da Vida", baseado na própria vida dos integrantes da dupla e dirigido por Nelson Pereira dos Santos, onde os próprios cantores Milionário e José Rico interpretam seus próprios papeis.

Sucesso enorme em todo o Brasil, o filme "Estrada da Vida" conquistou o primeiro lugar no Festival Internacional de Filmes de Brasília e foi vendido para diversos países, inclusive a China. Milionário e José Rico foram convidados pelo governo Chinês a se apresentarem naquele país, no ano de 1985, excursão que durou um mês, num intercâmbio cultural, no qual a dupla foi mostrar sua música para o outro lado do mundo. Foi a primeira dupla brasileira que visitou esse país.



Estrada da Vida

Nessa longa estrada da vida
Vou correndo e não posso parar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar

Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final da corrida chegou

Este é o exemplo da vida
Para quem não quer compreender
Nós devemos ser o que somos
Ter aquilo que bem merecer

Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final desta vida chegou


Fonte: Wikipédia

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Outra Vez

Outra Vez
Isolda
1977

Diz a lenda que, na época que se lançavam LP's (hoje chamados de vinil), a música de trabalho seria a terceira do Lado A (sim, os discos tinham Lado A e Lado B). Ninguém apostaria que a música de sucesso, que ficaria na história, seria a penúltima música do Lado B. Mas essa é a história da música "Outra Vez"... 

Segundo Paulo César Araújo, no livro "Roberto Carlos Em Detalhes" (Ed. Planeta, 2006), Roberto Carlos já gravara algumas músicas dos irmãos Isolda e Milton Carlos, como "Pelo Avesso" e "Um Jeito Estúpido De Te Amar", em 1976. No entanto, Milton Carlos morreu em 1977, num acidente de carro.

Pouco tempo depois, Isolda estava reunida com amigas, num bar, e estavam relembrando velhos amores do passado, quando Isolda lembrou de um caso de amor antigo, que se chama Nilson Mucini. Narra Paulo César de Araújo

Lá pelas tantas, as meninas começaram a falar sobre ex-namorados. "Qual foi o maior caso de amor de sua vida?", perguntou uma delas para Isolda. "Quer mesmo saber? Foi o meu primeiro namorado, o Nilson", respondeu. Uma outra amiga, que conhecia o caso, provocou: "Se fosse, você já teria telefonado pra ele. Você está solteira e guarda o número dele há muito tempo na sua bolsa. Por que não liga?". De fato, desde que o namoro dos dois terminara, havia sete anos, eles não mais se haviam falado. Ao longo desse tempo, Isolda casou, descasou e teve dois filhos. Agora estava solteira, e o que teria acontecido com Nilson?
Pois Isolda apostou com a amiga que tinha coragem de ligar sim. E que ligaria naquele momento do telefone do bar. Isolda ligou, mesmo já tendo passado da meia-noite. O próprio Nilson atendeu e, quando quis saber quem estava falando, Isolda respondeu com outra pergunta: "Qual foi o seu caso mais complicado?". Nilson não pensou um segundo para responder: "Isolda! Caramba, há quanto tempo!"

E assim surgiu a letra da belíssima música "Outra Vez". Surgiu durante do diálogo entre Isolda e Nilson, começando logo pela famoso trecho: "Você foi o maior dos meus casos..."

"Outra Vez" foi gravada sem nenhuma pretensão de que fosse um dos dez maiores sucessos de Roberto Carlos, como disse, a penúltima música do Lado B.

A canção trata de um amor passado e presente, e por isso absolutamente antitético, em que as dificuldades lembradas apenas reforçam o sentimento de amor. A canção remete a algo proibido, complicado, mas absolutamente prazeroso, sincero e intenso, como todo grande amor deve ser.

É uma canção sem refrão, com letra longa, confessional, e que marcou o disco de Roberto Carlos em 1977. 

Em uma entrevista ao site www.gumarc.com, Isolda contou um pouco de sua carreira e sobre a história da canção "Outra Vez"

Como você começou sua carreira musical?

Isolda: Ainda criança, com meu irmão, Milton Carlos, eu brincava de fazer música. Nós encenávamos teatro com as minhas bonecas e eu fazia a trilha sonora da peça. Para mim, fazer música sempre foi como brincar. Era gostoso, era um jogo. Depois fomos crescendo e meu irmão começou a aprender a tocar violão. Ele queria ser cantor. Depois de um certo tempo ele conseguiu gravar um disco e até participar de festivais. Com isso a brincadeira virou coisa séria e começamos a encarar a música profissionalmente. Com os primeiros sucessos eu parei de estudar e me entreguei inteiramente à música. Foi assim o começo.

Nessa época você já era fã de Roberto Carlos?

Isolda: Eu sempre gostei muito do Roberto Carlos. É verdade que na época da Jovem Guarda eu era muito criança e não acompanhava o programa. Mas já gostava do Roberto Carlos. Eu nunca poderia imaginar que algum dia ele iria gravar uma música minha. Eu gostava tanto dele que uma vez briguei com uma menina do colégio por causa dele. É verdade que canções como "Splish, Sphash" e "O Calhambeque" sempre fizeram parte da minha infância. Mas até chegar a ter uma música gravada pelo Roberto muito tempo se passou.

Como isso aconteceu?

Isolda: Meu irmão havia gravado um disco e nós fazíamos vocal em estúdio para outros cantores, até que um dia estávamos gravando com o Eduardo Araújo e ele disse que mais tarde iria visitar o Roberto Carlos. Eu e o Milton tínhamos feito uma música, "Amigos, Amigos", e pedimos para o Eduardo entregar ao Roberto Carlos. Mas o tempo passou e nós até nos esquecemos que o Eduardo Araújo estava com a nossa música. Um belo dia soubemos que ele havia gravado a nossa música. Foi assim que tudo começou.

E quando foi a primeira vez que você esteve com o Roberto?

Isolda: Foi bem depois. Acho que no escritório dele, quando eu e meu irmão fomos levar "Pelo Avesso", por volta de 1975. Quando estive com Roberto, naquela ocasião, ele havia acabado de lançar "Elas Por Elas". A nossa maior felicidade foi quando no disco de 76 encontramos duas musicas nossas, "Um Jeito Estúpido De Te Amar" e "Pelo Avesso". Mas a minha grande tristeza foi que meu irmão morreu antes do disco ir para as lojas.

Qual a importância da música "Amigos, Amigos" em sua vida?

Isolda: Foi o grande marco de nossas vidas. Essa foi a primeira música nossa gravada por ele. Se bem que sempre que Roberto Carlos grava uma música minha é um acontecimento da maior importância, é como se fosse a primeira vez. Eu comemoro mesmo, e a maior alegria, a realização de um sonho. Como se fala na gíria, digo que ganhei o ano!

Como foi sua reação ao escutar pela primeira vez a sua primeira música gravada por Roberto Carlos?

Isolda: Foi maravilhoso. Só soubemos que nossa música estava no disco quando saiu a relação do que ele havia gravado naquele ano (1973). Ninguém havia nos dito que "Amigos, Amigos" havia sido gravada. Quando lemos nos jornais quase nem acreditamos. Aí ligamos para a CBS (atual Sony & BMG) e tivemos a confirmação. Mas só ouvimos a gravação quando o disco chegou às lojas.

Como era o seu processo de parceria com seu irmão?

Isolda: Milton fazia a melodia e eu fazia a letra. Quase sempre era assim, mas há canções em que eu comecei a música e a letra e ele continuou. Também acontecia o contrário. Eu nunca consegui fazer só a melodia. Mesmo quando passei a compor sozinha adotei sempre o processo de fazer música e letra juntas. Ou então pego a música e coloco a letra.

Vamos agora falar de uma música especial na carreira de Roberto Carlos, "Outra Vez".

Isolda: "Outra Vez" foi feita logo depois da morte do Milton. Eu fiz a canção e fui para o estúdio com o Sérgio Sá, para gravarmos uma fita demo, para mostrar ao Roberto. Nessa fita havia algumas coisas antigas que eu havia feito com o Milton um pouco antes dele morrer e apenas uma musica só minha, que era “Outra Vez”. Deixei a fita no escritório do Roberto e algum tempo depois liguei para saber se havia alguma novidade. Foi aí que soube que ele havia gravado "Outra Vez". Sinceramente, eu não esperava que o Roberto gravasse essa música, porque é uma letra muito comprida, não tem refrão e não é nem um pouco comercial. Eu quase não mandei "Outra Vez" naquela fita. E não é que virou um enorme sucesso!

Foi difícil compor "Outra Vez", esse marco da Música Popular Brasileira?

Isolda: Não. Até que foi fácil compor "Outra Vez". Um certo dia saí com alguns amigos e começamos a conversar sobre amores antigos. Cada um ia falando do maior romance que teve na vida e eu me lembrei do meu. Aí começou a pintar a letra e também a melodia. Fiz a música até com certa facilidade.

Então você concorda quando Roberto fala, nos shows, que todo mundo já passou por aquela situação?

Isolda: Com certeza. Acho que todo mundo.

"Outra Vez" foi uma música feita para Roberto Carlos gravar?

Isolda: Não, nenhuma das músicas que faço visa um determinado artista para gravá-la. Eu faço o que sinto naquele momento. São coisas que já passei ou que estou passando, mas tudo é muito sincero. Minhas canções são sempre inspiradas em fatos verídicos. É difícil falar do que não se conhece. Acho que usamos a música como terapia, desabafamos no violão, na letra... Quanto à "Outra Vez", eu nunca pensei que ela fosse estourar. Eu acho a letra muito pessoal, muito íntima, e que só eu iria entendê-la. Com sinceridade, eu mandei essa música para o Roberto Carlos ouvir apenas porque havia sobrado espaço na fita. Para mim não havia nenhuma chance dele gravar e é claro que nunca imaginei tal sucesso. Por isso acho que de intuição sou horrorosa.

Para você, "Outra Vez" é uma história de amor triste ou alegre?

Isolda: Algumas pessoas acham que é uma música de fossa mas a letra não fala de separação. A canção conta a história de um grande amor que existiu, e eu a acho feliz, é a saudade que eu gosto de ter, é uma saudade legal, como diz a letra. É uma saudade feliz.

Algumas pessoas até acham que "Outra Vez" é do Roberto e Erasmo. Como a autora encara isso?

Isolda: Sem o menor problema. Nem ligo! Só de ouvir Roberto cantando a minha música já está ótimo, é maravilhoso!

Roberto Carlos mexeu na letra ou na melodia de "Outra Vez"?

Isolda: Alguma coisa na melodia, mas bem pouca coisa. Na letra não mexeu, não tirou nenhuma vírgula. Isso é incrível, perto do que ele costuma fazer.

E em outras músicas, Roberto fez alguma alteração?

Isolda: Já mexeu bastante, principalmente em "De Coração Pra Coração", que foi a que ele mais alterou. Ele estava nos Estados Unidos, gravando, e eu perdi a conta dos inúmeros telefonemas que trocamos para podermos mexer na letra. Eu trocava uma parte, depois ele ligava pedindo para trocar outra parte. Foi assim durante uns dois dias. Mas o Roberto pode tudo!

Você imagina qual terá sido a reação do Roberto Carlos quando ouviu "Outra Vez"?

Isolda: Não sei, ninguém me contou nada. Conhecendo bem Roberto Carlos, confesso que na época pensei que ele só tinha gravado para me ajudar por causa da morte do meu irmão. Eu não conhecia ninguém no meio artístico; quem agitava tudo, ia atrás dos compositores levando nossas músicas, era o Milton Carlos. Com sua morte, eu tive que começar a fazer essas coisas e isso não foi nada fácil. Por isso imaginei que Roberto havia gravado por amizade.

Como você se sente ao ver a reação positiva do público quando Roberto começa a cantar o primeiro verso de "Outra Vez"?

Isolda: É indescritível. Nessa temporada do Roberto no Metropolitan (show "Romântico", 1998), eu assisti ao show do dia 5 de setembro de um lugar privilegiado, da mesa de som, de frente para a platéia, para mim o melhor lugar. Quando ele começou a cantar e todos cantaram juntos foi uma emoção que eu nunca havia sentido. No final, quando ele dedicou-me o show, quase tive um ataque cardíaco. Sem dúvida essa foi a maior emoção de todas.

Para você, o que há de especial nessa música que toca a todos?

Isolda: Não tenho a menor dúvida. Coloquei na música o mesmo sentimento que coloquei nas outras. Olha que Roberto já gravou dez músicas minhas, mas "Outra Vez" continua sendo imbatível. Por enquanto é a música que marcou a minha vida. Espero que surjam outras assim.

Nunca surgiu a possibilidade de uma parceria com Roberto Carlos?

Isolda: Há algum tempo combinamos uma parceria, mas não houve uma evolução. De repente pode ser que a ideia retorne, quem sabe?

Por que Roberto Carlos não grava uma música sua desde 1986?

Isolda: Talvez porque eu tenha enviado para ele músicas que não combinavam com a linha do disco. Às vezes isso acontece.

O que você destaca no Roberto Carlos como intérprete?

Isolda: Eu destaco a doçura, a ternura, o carisma. Eu sempre digo que Roberto Carlos é um "kit de coisas boas", tudo nele é bom. Ele é uma pessoa muito carismática, tem uma bondade transparente. Só de olhar para ele você já sabe que ele é uma pessoa bondosa. Mesmo quem o vê pela primeira vez logo percebe isso. É uma coisa de bem, de luz, de claridade. Parece que eu vejo luz no Roberto Carlos. A voz dele parece veludo.

De todas as suas músicas gravadas por Roberto Carlos, qual a sua preferida?

Isolda: Bem, deixando à parte "Outra Vez", eu gosto muito da gravação de "Tente Esquecer". Ele canta essa música muito bem, transmite com exatidão o que coloquei na letra. Também gosto muito da maneira como ele canta “Um Jeito Estúpido De Te Amar”.

"Tente Esquecer" foi gravada logo depois de "Outra Vez". Como foi fazer essa música depois daquele sucesso?

Isolda: Foi uma "barra". Mandei várias fitas até Roberto escolher "Tente Esquecer". Foi terrível. Pensei que o disco daquele ano fosse sair sem uma composição minha.

Como é o seu contato com Roberto Carlos no dia-a-dia?

Isolda: Roberto é uma das pessoas mais gentis e educadas que eu já vi. É um verdadeiro cavalheiro. Sempre me tratou super bem, acima da média. Não estou falando isso porque vocês são o fã-clube dele. Acho que não sou a única pessoa que pensa assim. Ele sempre se coloca à disposição dos amigos. Ele é uma pessoa que está no meu coração, de quem eu gosto muito.

O que você destaca em Roberto como ser humano?

Isolda: A bondade. Eu vejo como uma pessoa muito boa, fora seu talento e sua genialidade. Engraçado, quando estive com ele pela primeira vez foi como se já o conhecesse, como se fosse um amigo antigo. Ele é um mito na música mas eu sempre me sinto super à vontade junto dele.

Das músicas que Roberto fez, qual a que você gostaria de ter feito?

Isolda: Você está brincando comigo... São inúmeras, mas "De Tanto Amor" é demais.

Sua carreira passou a ter um maior reconhecimento depois que Roberto passou a gravar suas músicas?

Isolda: As pessoas até me conhecem como compositora do Roberto Carlos. Até mesmo os outros cantores. Então, quando me pedem música é porque estão querendo música romântica, algo do gênero Roberto Carlos. Eles já pedem canções esperando por isso, se bem que eu faço outros gêneros. Todas as pessoas falam que as minhas músicas têm a cara dele e eu acho isso maravilhoso. Não sei se realmente é assim mas a verdade é que gosto tanto do Roberto e ouço tanto seus discos que acabo influenciada. Não posso negar. Estou muito ligada à carreira dele.

Você mandou alguma música para Roberto gravar este ano?

Isolda: Já mandei umas duas fitas para ele, com músicas que eu acho que são ótimas. É claro que todo compositor acha que suas músicas são ótimas. Estou rezando para que ele grave alguma. Umas são minhas e outras em parceria com o Sérgio Sá.

Você tem todos os discos do Roberto Carlos?

Isolda: Agora estou completando a coleção em CD. Na época do vinil eu só tinha os que têm as minhas músicas. Depois fui comprando os CDs com as minhas músicas e agora estou completando a coleção. Vivo ouvindo os discos do Roberto Carlos.

O que Roberto Carlos lhe passa quando está no palco?

Isolda: Para mim ele é o grande Rei. Ele é uma majestade. Já vi muitos outros shows mas nunca vi um show como o do Roberto Carlos, nem de cantores internacionais. É um espetáculo impressionante, eletrizante, mágico. Ele toma conta, sozinho, de um palco enorme. É como se ele tivesse três metros de altura. Falando baixo, cantando só com piano ou violão ele consegue manter a atenção de uma platéia inteira, independente do número de pessoas. É um carisma que não sei se podemos encontrar em outro cantor. É um fenômeno.

Depois de falarmos tanto de "Outra Vez", vamos falar um pouco de suas outras músicas?

Isolda: "Amigos, Amigos" era uma história pessoal do meu irmão. Ele começou a música e terminamos juntos. "Jogo de Damas" também foi uma experiência pessoal do Milton Carlos e eu continuei a melodia com a letra. "Elas Por Elas" veio no final do meu casamento e retrata bem aquela época. "Um Jeito Estúpido De Te Amar" é a mesma coisa. Quando termina o casamento você fica naquela de volta ou não volta. "Pelo Avesso" foi uma ideia do Milton, apenas continuei com ele a melodia e a letra. "Tente Esquecer" foi uma tentativa de voltar para o meu primeiro marido mas que não deu certo. Depois de "Outra Vez" é a minha favorita. "Como é Possível" é uma parceria com o Sérgio Sá. Foi uma pessoa que pintou na minha vida, e na época até me passava a ideia de que já o conhecia, uma alma gêmea, como se diz na psicologia. "De Coração Pra Coração" é uma música do Mauro Motta, Lincoln Olivetti e Robson Jorge. Foi o próprio Roberto quem me escolheu para colocar a letra. Ela teve a opinião direta dele e tive que fazer várias alterações até chegar à letra definitiva. Engraçado que dos três parceiros dessa música, o único que conheço pessoalmente é o Mauro Motta. A música me deu muito trabalho. "Quando Vi Você Passar" o Mauro Motta me mandou a melodia e eu fiz a letra.

Como você define Roberto Carlos?

Isolda: Como cantor ele é um fenômeno que conseguiu conquistar três gerações. A minha filha e a minha mãe adoram Roberto Carlos. Como ser humano é uma pessoa de bondade, de um amor muito grande, é um ser humano maravilhoso. Ele faz coisas que ninguém fica sabendo apenas para ajudar as pessoas. Na maioria das vezes os artistas não são assim. Ninguém se preocupa tanto com o semelhante como Roberto Carlos. É uma pessoa iluminada.



Outra Vez

Você foi...
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci

Você foi...
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples pra mim

Você foi...
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu

E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez.

Você foi...
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu

Você foi...
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...

Ah...

Você foi...
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem

Você foi...
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...


Fonte: Música em Prosa e Grupo Um Milhão de Amigos