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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Rosa de Hiroshima

Rosa de Hiroshima
Letra de Vinícius de Moraes
Música de Gerson Conrad
Ano da Letra: 1954
Ano da Música: 1973

"Rosa de Hiroshima" é um poema de Vinícius de Moraes, musicado por Gerson Conrad na canção "Rosa de Hiroshima" da banda Secos & Molhados. Fala sobre a explosão atômica de Hiroshima. O poema alude aos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki ocorridos na Segunda Guerra Mundial.

"Rosa de Hiroshima" foi lançada no ano de 1973, no disco de estreia do grupo. Foi a única canção creditada a Gerson Conrad no álbum. A canção é um grito pacifista e anti-nuclear, lançada em plena ditadura no Brasil. Foi apresentada ao vivo no espetáculo histórico do grupo no Maracanãzinho em meados de 1974.

A música foi a décima terceira mais executada nas rádios brasileiras no ano de 1973. Em 2009, a revista Rolling Stone brasileira listou "Rosa de Hiroshima" como a número 69 entre "As 100 Maiores Músicas Brasileiras".

Outras Versões

A canção foi lançada em uma versão ao vivo em "Secos & Molhados - Ao Vivo no Maracanãzinho", em 1974. Ney Matogrosso regravou, e apresentou ao vivo esta canção em carreira solo. Arnaldo Antunes regravou esta canção para o disco "Assim Assado - Tributo ao Secos & Molhados" que comemorava os 30 anos do Secos & Molhados, lançado em 2003.

Análise do Poema

Na primeira parte do poema, os versos são formados por cinco sílabas, tendo começos e fins definidos por consoantes que os separam. Além disso, a primeira sílaba é sempre tônica para marcar o começo de um novo verso. Perceba:

Pen sem nas cri an/ ças
Mu das te le pá/ ticas

Isso dá um ritmo mais cadenciado à leitura dos versos, como que criando fotos e dando tempo para que o leitor realmente "se lembre" das imagens que o poeta quer passar e reflita. Cada par de versos, uma foto.

Então chegamos aos versos que ficam ao meio do poema:

Mas, oh, não se esqueçam / Da rosa da rosa

Até aí, as imagens eram sobre as consequências da bomba atômica e sua radioatividade. Agora, ele pede que nos lembremos da bomba, em si, simbolizada pela rosa em alusão à flor de dejetos e fumaça que a bomba criou. E, a partir daí, o poema muda.

Os versos passam a ter seis sílabas e todos fazem parte de uma única imagem - a da bomba  portanto, devem ser interligados. Como fazer isso? Produzindo uma sinérese entre vocábulos e versos (ligando duas vogais, a do fim da última palavra de um verso com a do início do próximo verso, num fonema só). Por isso desde o início da nova foto, "Da rosa de Hiroshima", todos os versos são terminados em vogal e iniciados com outra. Veja:

Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida

O poema termina com uma última parte, com dois versos, novamente em redondilha menor (cinco sílabas) e iniciados em consoantes:

Sem cor sem perfume / Sem rosa, sem nada

Mostram novamente, as consequências da bomba, deixando o local desabitado, sem vida.


Publicações

  • Antologia Poética
  • Poesia Completa e Prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"
  • Poesia Completa e Prosa: "Cancioneiro"


Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada