Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco
1914
"Luar do Sertão" é uma toada brasileira de grande popularidade. Seus versos simples e ingênuos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Catulo da Paixão Cearense defendeu em toda a sua vida que era seu autor único, mas hoje em dia se dá crédito da melodia a João Pernambuco. É uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos.
O tema pode ter origem no coco "É do Maitá" ou "Meu Engenho é do Humaitá", de autor anônimo. Este coco integrava o repertório de João Pernambuco e teria sido por ele transmitido a Catulo da Paixão Cearense, como tantos outros temas. Ao menos, isso é o que se deduz dos depoimentos de personalidades como Heitor Villa-Lobos, Mozart de Araújo, Sílvio Salema e Benjamin de Oliveira, publicados por Henrique Foréis Domingues no livro "No Tempo de Noel Rosa".
Homem simples, sequer alfabetizado, João Pernambuco, a certa altura de sua vida, queixava-se de ter sido vítima de plágio, por parte de Catulo da Paixão Cearense, quanto à autoria desta modinha. Segundo Mozart Bicalho, Catulo da Paixão Cearense "disse uma vez que o 'Luar do Sertão' era uma melodia nortista, mais ou menos pertencente ao domínio folclórico".
O próprio Catulo da Paixão Cearense, em entrevista a Joel Silveira, declarou:
O historiador Ary Vasconcelos, em "Panorama da Música Popular Brasileira na Belle Époque", diz que teve a oportunidade de ouvir Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do "É do Maitá": a original e "outra modificada por João Pernambuco", esta realmente muito parecida com "Luar do Sertão".
"Compus o 'Luar do Sertão' ouvindo uma melodia antiga (...) cujo estribilho era assim: 'É do Maitá! É do Maitá'"
O historiador Ary Vasconcelos, em "Panorama da Música Popular Brasileira na Belle Époque", diz que teve a oportunidade de ouvir Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do "É do Maitá": a original e "outra modificada por João Pernambuco", esta realmente muito parecida com "Luar do Sertão".
Leandro Carvalho, estudioso da obra de João Pernambuco e organizador do CD "João Pernambuco - O Poeta do Violão" (1997), declarou:
João Pernambuco teve dois defensores ilustres: Heitor Villa-Lobos e Henrique Foréis Domingues, o Almirante. Se não conseguiram o reconhecimento judicial de João Pernambuco na sua condição de autor de "Luar do Sertão", pelo menos deram credibilidade à reivindicação. Ainda do mesmo Almirante foi a iniciativa de tornar o "Luar do Sertão" prefixo musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a partir de 1939.
"Por onde João andava, Catulo estava atrás, anotando tudo; foi o que aconteceu com 'Luar do Sertão': Catulo ouviu, mudou a letra e disse que era sua!"
João Pernambuco teve dois defensores ilustres: Heitor Villa-Lobos e Henrique Foréis Domingues, o Almirante. Se não conseguiram o reconhecimento judicial de João Pernambuco na sua condição de autor de "Luar do Sertão", pelo menos deram credibilidade à reivindicação. Ainda do mesmo Almirante foi a iniciativa de tornar o "Luar do Sertão" prefixo musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a partir de 1939.
A Rádio Nacional, criada no Rio de Janeiro em 1936 a partir da compra da Rádio Philips, por 50 contos de réis, tinha como seu primeiro prefixo, "Luar do Sertão", o qual era tocado em vibrafone por Luciano Perrone tendo em seguida um locutor anunciando o prefixo da emissora: PRE-8.
"Luar do Sertão" esteve presente na trilha sonora do filme "Os Dois Filhos de Francisco" (2005) na voz da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, e na novela "Tieta" (1989) interpretada por Roberta Miranda.
Para conhecer mais sobre a vida e obra Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, visite o blog Famosos Que Partiram.
Luar do Sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Ai que saudade do luar da minha terraLá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E a canção é a lua cheia
A nos nascer no coração
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua é que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Fonte: Wikipédia
Pena que o vídeo ilustrativo deste maravilhoso sucesso não apresente os melhores intérpretes, embora sejam nomes consagrados. Quem deseja descobrir "Luar do sertão" ficará, na certa, decepcionado e não fruirá de toda a beleza desta linda composição.
ResponderExcluirAcho péssimo que não se tenha certeza a respeito das letras originais:
ResponderExcluir1. A de João Pernambuco, supondo que ele seja o verdadeiro autor.
2. A de catulo da Paixão Cearense, supondo que este seja o falsário.
Ou vice-versa.